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Localizada no município de Boa Vista, às margens do Rio Uraricoera, próximo à confluência com os rios Tacutu e Branco, a Fazenda São Marcos está inserida na Terra Indígena São Marcos, na comunidade de Campo Alegre. A sede da fazenda encontra-se a aproximadamente 35 km a nordeste da área urbana de Boa Vista, com acesso possível tanto por via fluvial quanto terrestre. Para chegar ao local por terra, deve-se seguir pela BR-174 em direção a Pacaraima e, em seguida, acessar a RR-319, que inclui uma travessia de balsa no Rio Uraricoera. O restante do trajeto é feito por estradas de terra batida.
A Fazenda São Marcos foi criada em 1789, durante o período colonial, pelo militar português Manoel da Gama Lobo d’Almada, em um esforço para abastecer a cidade de Manaus com produtos alimentícios, especialmente carne bovina. Este empreendimento surgiu logo após a construção do Forte São Joaquim, em 1775, e esteve inserido no processo de colonização do Vale do Rio Branco, que incluía disputas territoriais e a consolidação de fronteiras nacionais.
Ao longo do século XIX, em 1878, o Ministério da Fazenda delimitou as três principais Fazendas Nacionais do Rio Branco: São Bento, São José e São Marcos, com a pecuária como atividade predominante. Contudo, no início do século XX, apenas a Fazenda São Marcos permanecia funcional, enquanto as outras foram apropriadas ilegalmente entre 1885 e 1919 por comerciantes e fazendeiros locais. Em 1914, autoridades já alertavam para a necessidade de proteção do território indígena na região da fazenda.
A Fazenda São Marcos, atualmente administrada pela FUNAI e de propriedade da União, está situada em terras indígenas homologadas por decreto presidencial em 1991 (Decreto 312 de 29/10/1991). O local possui um importante conjunto arquitetônico, incluindo a sede administrativa e uma capela, ambos tombados pelo Governo do Estado de Roraima desde 1984 e protegidos por uma emenda constitucional de 2008. Esses bens representam um patrimônio histórico singular, vinculado tanto à história da colonização quanto à preservação cultural da região.
Historicamente, a região da Fazenda São Marcos era ocupada por mais de 20 tribos indígenas, como os Macuxi, Wapichana, Taurepang, Zapara, Pauxiana, entre outros, conforme registros do explorador Henri Coudreau no século XVIII. Hoje, a fazenda continua sendo um ponto central de habitação e preservação cultural para os povos Macuxi, Wapichana e Taurepang. No entanto, as comunidades enfrentaram ao longo dos anos desafios como invasões e disputas territoriais.
Embora sua importância histórica e cultural seja inegável, a Fazenda São Marcos enfrenta desafios de conservação, com relatos de precariedade estrutural e falta de manutenção. Ainda assim, ela permanece como um símbolo da história regional, marcando a interação entre a colonização europeia e os povos indígenas que habitavam e habitam o Vale do Rio Branco.
Seu acesso controlado e localização estratégica em terras indígenas ressaltam a necessidade de preservação não apenas do patrimônio arquitetônico, mas também da memória histórica e cultural das populações que dão vida a esse lugar.
Para visitas ou estudos sobre a Fazenda São Marcos, recomenda-se o acompanhamento de guias locais ou da FUNAI, respeitando as regulamentações para acesso às terras indígenas. A preservação deste patrimônio é essencial para compreender a história de Roraima e a relação entre povos indígenas e colonização no extremo norte do Brasil.