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Legenda da imagem 1 (Vista da Praça do Coreto): Vista ampla da Praça do Coreto. Coleta de dados para o Projeto de Extensão 'Boa Vista 4.0 – Smart Turismo', Multiamazon, Universidade Estadual de Roraima – UERR, em março de 2024. Crédito: Ismar Borges de Lima, Multiamazon/UERR.
Praça do Coreto no Centro Cívico Joaquim Nabuco
Palco de Memórias, Música e Lutas no Coração de Boa Vista
Localizada no emblemático Centro Cívico Joaquim Nabuco, nas imediações da Igreja de São Sebastião, a Praça do Coreto, oficialmente denominada Praça Raimundo Soares “Marreta”, é um dos espaços públicos mais simbólicos da capital roraimense. Inaugurada em 1963, a praça tornou-se ao longo das décadas um ponto de encontro entre arte, memória, cidadania e resistência, funcionando como verdadeiro elo entre o passado cultural e as dinâmicas sociais do presente.
🎵 Berço da Música Popular em Roraima
A praça ganhou destaque nas décadas de 1960 e 1970 como epicentro das manifestações musicais e culturais em Boa Vista. O coreto central, com sua arquitetura tradicional, acolheu apresentações de bandas, saraus, ensaios de carnaval e encontros artísticos populares, tornando-se o primeiro palco cultural ao ar livre da cidade.
O nome popular do espaço homenageia Raimundo Soares, o “Marreta”, figura icônica da cultura local. Além de compositor da canção “Roraima Jazz Rio Branco” – sucesso nos bailes da época – Marreta atuou como Guarda Territorial, sendo um defensor ativo da valorização cultural e do sentimento de pertencimento à cidade. Sua memória segue viva não apenas no nome da praça, mas em cada acorde que ecoa do coreto restaurado.
Legenda da Imagem 2: Placas informativas e de inauguração de reformas do Coreto localizado no Centro Cívico Joaquim Nabuco, Boa Vista, RR. Crédito da foto: Ismar Borges de Lima. MultiAmazon – UERR. Acervo do Projeto Boa Vista 4.0 – Smart Turismo Sem Fronteiras.
🏗️ Revitalização e Novas Funcionalidades
Entre os anos de 2015 e 2016, a Prefeitura de Boa Vista conduziu um amplo processo de revitalização da praça, respeitando seu valor histórico e simbólico. Foram realizadas reformas estruturais no coreto, com reparo de grades, cobertura e piso, além da instalação de nova iluminação, bancos em granito, quiosques gastronômicos e área de convivência.
Um dos elementos mais tradicionais da revitalização foi a manutenção do Bar do Rock, ponto de encontro da juventude alternativa, que contribui para a diversidade de públicos que ocupam a praça. Também foi instalado um posto da Guarda Civil Municipal, garantindo mais segurança e tranquilidade aos visitantes. Ainda que a fonte ornamental localizada no espaço central careça de restauração completa, os esforços contínuos de manutenção e paisagismo indicam o compromisso da gestão pública com a preservação do patrimônio urbano e da memória coletiva.
🌳 Uma Praça Viva: Cultura, Convivência e Resistência
A Praça do Coreto é mais do que um atrativo turístico. É um lugar simbólico de múltiplas camadas, onde a música popular roraimense encontra os ecos de resistência indígena, onde gerações de artistas se formaram, e onde a população reencontra suas raízes em meio a árvores frondosas, esculturas e eventos comunitários. Para quem visita Boa Vista, o espaço oferece uma experiência única de contemplação e pertencimento: sentar sob as sombras, ouvir uma apresentação musical, visitar o memorial de Ovelário, conversar com moradores antigos e sentir o pulsar de uma cidade que se constrói com memória, arte e cidadania.
✨ Dica do Guia
Visite a Praça do Coreto no fim da tarde, quando o pôr do sol ilumina suavemente o coreto, e os sons da cidade se misturam às histórias de quem já dançou, lutou e sonhou ali. Se tiver sorte, poderá assistir a uma apresentação cultural espontânea ou encontrar um artista local contando causos de Marreta e da velha Boa Vista.
Legenda da imagem 3 (Sarau Literário da Escola Centenário):
Foto: Apresentação do II Sarau Literário da Escola Centenário de Boa Vista foi uma forma de evidenciar o projeto “O Poeta em mim”, com o lançamento de um livro intitulado “O Lugar onde vivo”, contendo 80 poemas escritos pelas turmas do 5º Ano em 02/11/2019.
Legenda da imagem 4: Anfiteatro, arena, arquibancada estilosa peculiar, multicolorida, imitando “serpentes” em lembrança à fauna da Amazônia, sob as sombras de frondosas árvores da Praça do Coreto. Ao fundo é possível avistar o Monumento ao Garimpeiro e o Palácio Hélio Campos. Coleta de dados para o Projeto de Extensão “Boa Vista 4.0 – Smart Turismo”, Multiamazon, Universidade Estadual de Roraima (UERR), em março de 2024. Crédito: Ismar Borges de Lima, Multiamazon/UERR.
Texto Completo sobre a Relevância Histórica e Cultural do Coreto
Praça do Coreto: Patrimônio Cultural e Lugar de Memória em Boa Vista – Roraima
Desde sua inauguração em 1963, o Coreto Raimundo Soares “Marreta” ultrapassa os limites de uma simples estrutura urbana para afirmar-se como um dos pilares da identidade cultural de Boa Vista, capital de Roraima. Erguido em local estratégico, no interior da Praça do Centro Cívico, o coreto firmou-se, ao longo dos anos, como centro irradiador de práticas culturais, com ênfase na produção musical, e como um espaço simbólico de encontro intergeracional entre os moradores da cidade. Reconhecido por muitos como o "berço da música boa-vistense", o espaço teve papel crucial na efervescência artística das décadas de 1960 e 1970, consolidando sua presença no imaginário coletivo local.
O coreto e a praça que o abriga foram contemplados por dois importantes ciclos de intervenção urbana — o primeiro entre 2015 e 2016, e o mais recente iniciado em agosto de 2023. Essas ações evidenciam o empenho da gestão pública em garantir não apenas a preservação material do equipamento, mas sua readequação às exigências contemporâneas de conforto, segurança e fruição cultural. A continuidade dessas melhorias é essencial para manter a vitalidade de um espaço comunitário que permanece ativo no cotidiano dos cidadãos.
Paralelamente à sua função cultural, o espaço também cumpre papel de grande relevância histórica e política ao abrigar o Memorial Internacional dedicado a Ovelário Tames, jovem indígena macuxi morto sob custódia do Estado em 1988. Inaugurado em 2006, o monumento representa um marco nos processos de reparação simbólica por violações de direitos humanos, tendo o reconhecimento formal da Organização dos Estados Americanos (OEA). O memorial transforma a praça em lugar de memória, resistência e educação cidadã, elevando seu significado para além do campo artístico.
Embora amplamente reconhecido pela população e por agentes públicos como patrimônio de valor inestimável, o Coreto ainda não possui, até o momento, registro oficial de tombamento nos níveis estadual ou federal. Tal ausência formal ressalta a importância de sua contínua valorização e vigilância por parte da sociedade civil e dos poderes públicos, de modo a garantir sua salvaguarda como bem cultural de interesse coletivo e intergeracional.
Introdução
A Praça Raimundo Soares “Marreta”, popularmente conhecida como Praça do Coreto, figura entre os espaços públicos mais tradicionais e representativos da capital roraimense. Muito além de um ponto de lazer urbano, o local consolidou-se como um cenário emblemático de expressão cultural e sociabilidade, sendo amplamente identificado como o "berço da música em Boa Vista". Ao longo das gerações, a praça tornou-se um palco ativo para a promoção de manifestações artísticas, servindo como um referencial simbólico de pertencimento e memória coletiva para a população.
Este documento tem como objetivo apresentar uma análise criteriosa e abrangente acerca do histórico, da importância cultural, das reformas físicas e do reconhecimento patrimonial relacionados ao Coreto Raimundo Soares “Marreta”. A investigação abrange sua trajetória desde a inauguração, em 1963, até os processos de restauração mais recentes, ressaltando seu papel como espaço multifuncional de sociabilidade urbana e prática cultural. A compreensão do percurso deste equipamento urbano permite reconhecer sua capacidade de reinvenção e sua permanência como ponto vital de integração comunitária e identidade local.
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Origens e Nomenclatura
Desde sua inauguração, em 1963, o Coreto Raimundo Soares destacou-se rapidamente como um local central de convivência e atividades culturais, sobretudo entre os jovens da época. Sua existência reflete uma concepção de espaço público voltado à dinamização da vida urbana por meio da cultura. O coreto, com sua estrutura convidativa, representou desde o início uma aposta no uso estratégico da arquitetura como catalisador da interação social e da vitalidade cívica de Boa Vista.
A nomeação do espaço presta homenagem a Raimundo Soares, mais conhecido como Marreta, um dos principais protagonistas da cena cultural de Boa Vista nas décadas de 1960 e 1970. Marreta atuou como músico, animador de festas populares e figura de forte presença nos eventos comunitários realizados no próprio coreto. Compôs a canção “Roraima Jazz Rio Branco”, tida como símbolo de sua contribuição musical. Além disso, exerceu a função de Guarda Territorial. Faleceu em 17 de março de 1989, aos 71 anos, deixando um legado duradouro. A homenagem perpetua sua memória ao vincular o espaço físico ao seu papel social e artístico, transformando o coreto em um marco vivo do patrimônio imaterial da cidade.
A posição geográfica do coreto, no coração da Praça do Centro Cívico, agrega valor simbólico à sua função. O Centro Cívico Joaquim Nabuco, nomeado em tributo ao notório político e pensador abolicionista, é uma das áreas mais centrais da capital. Boa Vista, enquanto cidade planejada, preserva nesse núcleo um conjunto arquitetônico de forte apelo institucional. A presença do coreto nesse contexto não é acidental: integra-se a uma concepção urbana que prioriza o uso de praças e logradouros como núcleos de convivência e identidade, reafirmando a centralidade do coreto na dinâmica histórica e cultural da cidade.
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O Coreto como Berço Cultural de Boa Vista
A construção do Coreto Raimundo Soares desempenhou papel decisivo na consolidação da música como uma das principais formas de expressão cultural em Boa Vista na década de 1960. O reconhecimento recorrente do local como “berço da música de Boa Vista” traduz sua importância simbólica como espaço inaugural da produção artística musical na capital.
Por décadas, a praça abrigou apresentações de diferentes expressões culturais, como concertos, declamações poéticas e celebrações populares. Marreta, o homenageado, organizava e participava ativamente de eventos carnavalescos no local, contribuindo para a efervescência cultural daquele período. Essas atividades sedimentaram a função do coreto como um espaço público multifacetado, onde arte e encontro comunitário se entrelaçavam.
Desde sua fundação, o local tornou-se referência como ponto de encontro de gerações. Atualmente, é motivo de orgulho cívico, especialmente por integrar as celebrações natalinas da cidade. Com a introdução da iluminação em LED, a praça ganhou um novo aspecto, mais acolhedor e moderno. O coreto, ao conservar sua vocação musical, expandiu suas funções, adaptando-se a diferentes usos culturais ao longo do tempo, o que reforça sua importância enquanto bem patrimonial em constante transformação.
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Evolução Física e Intervenções de Revitalização
Desde sua construção, a Praça do Coreto passou por diversos processos de renovação com o objetivo de manter sua estrutura funcional e atrativa. Entre 2015 e 2016, foi realizada uma reforma abrangente que permanece como base da atual configuração do espaço. O projeto incluiu a construção de áreas pavimentadas com granito, instalação de bancos e arquibancada em frente ao coreto, além da implantação de um posto da Guarda Civil Municipal. Dois quiosques foram erguidos, sendo um deles utilizado por longo período pelo tradicional Bar do Rock, espaço cultural alternativo da juventude local. O projeto contou com recursos federais viabilizados pelo senador Romero Jucá, em parceria com o Ministério do Turismo e a Prefeitura.
Mais recentemente, a partir de agosto de 2023, teve início um novo ciclo de intervenções, integrando o programa de manutenção contínua das praças municipais. Os trabalhos envolveram reparos estruturais nas portas, grades e cobertura do coreto, além de nova pintura do piso. Bancos e meios-fios também foram restaurados e foi implantada iluminação em LED para proporcionar mais conforto e segurança.
Entretanto, nem todos os desafios foram superados. A fonte ornamental localizada na praça não foi recuperada devido a danos provocados por mau uso, como banhos e lavagem de roupas no local. Segundo o secretário de Serviços Públicos, Thiago Amorim, o comprometimento do sistema hidráulico inviabilizou a recuperação imediata. A superintendente de Cultura, Ariane Feitoza, reforçou a necessidade de conscientização social quanto ao uso adequado dos espaços públicos para preservar sua integridade e função.
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Outros Elementos e Significados da Praça
A Praça do Coreto também abriga um elemento de alta relevância política e simbólica: o Memorial Internacional dedicado a Ovelário Tames, jovem indígena da etnia macuxi, morto em 1988 em circunstâncias de violência institucional. Inaugurado em 2006, o memorial foi construído como resultado de recomendação da Organização dos Estados Americanos (OEA) e transformou o local em um dos poucos espaços urbanos no Brasil com função reparatória declarada por instância internacional.
A presença do memorial amplia significativamente o alcance simbólico da praça. De espaço voltado à arte e lazer, ela também se configura como lugar de memória e luta por justiça. A homenagem não apenas resgata a história de Ovelário, mas também afirma o compromisso público com os direitos dos povos originários, alçando o coreto à condição de marco internacional de conscientização social e respeito à diversidade cultural.
A superintendente de Cultura de Boa Vista destacou o papel da praça como catalisadora da integração comunitária. Ao promover a convivência entre diferentes grupos sociais e oferecer um palco de múltiplas vozes, a praça reforça sua função como instrumento de coesão social, transcendendo sua função ornamental e lúdica para se firmar como elemento central na construção simbólica da cidade.
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Reconhecimento e Preservação do Patrimônio
A praça é amplamente reconhecida como patrimônio cultural e afetivo da cidade de Boa Vista. As administrações municipais reforçam esse valor em discursos e ações que destacam seu papel simbólico. No entanto, o espaço ainda não possui registro formal de tombamento nos níveis federal, estadual ou municipal — lacuna que merece atenção.
No atual conjunto de bens tombados de Roraima, o único item com status federal é o Forte de São Joaquim do Rio Branco. No nível estadual, constam edificações como a Igreja Matriz Nossa Senhora do Carmo, Igreja São Sebastião e a Catedral Cristo Redentor. Já a prefeitura registra como bens tombados, entre outros, a Casa Bandeirante e a Igreja São Pedro. Adicionalmente, bens imateriais como a Cultura Evangélica, a Maior Paçoca do Mundo e a Damurida receberam reconhecimento como patrimônio cultural.
Embora o Coreto Marreta tenha valor simbólico comparável aos bens formalmente protegidos, sua ausência nas listas oficiais evidencia a necessidade de um processo de tombamento, garantindo segurança jurídica à sua preservação. O reconhecimento formal ampliaria sua salvaguarda institucional, evitando vulnerabilidades futuras frente a mudanças de gestão ou prioridades políticas.
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Conclusão
O Coreto Raimundo Soares “Marreta” é um dos ícones mais representativos da vida cultural e social de Boa Vista. Desde sua criação, desempenhou papel central na dinamização da música local, sendo testemunha e protagonista de inúmeras expressões artísticas e encontros comunitários. A constância de seu uso, aliada à sua capacidade de adaptação ao longo das décadas, fortalece seu valor como símbolo da identidade urbana boa-vistense.
A continuidade de ações de revitalização, como as realizadas em 2023, é crucial para sua conservação material e para a permanência de sua função como ponto de encontro cultural. Entretanto, desafios como o uso inadequado de suas estruturas mostram que a manutenção do patrimônio requer também ações educativas e fiscalização.
O reconhecimento legal por meio de tombamento deve ser considerado como estratégia complementar às políticas de valorização simbólica e à conservação física. O coreto, juntamente com o Memorial de Ovelário Tames, representa um legado singular, que articula memória afetiva, história musical e compromisso com os direitos humanos. Cabe ao poder público e à sociedade civil assegurar sua perenidade como lugar de arte, resistência e cidadania.