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O Forte de São Joaquim do Rio Branco, localizado na confluência dos rios Tacutu e Uraricoera, que formam o Rio Branco, no estado de Roraima, representa um marco histórico da ocupação e defesa portuguesa na Amazônia. Construído em 1775, o forte foi essencial para consolidar a presença lusitana em um território constantemente ameaçado por incursões de espanhóis, holandeses e ingleses, provenientes da Venezuela e da Guiana. Situado estrategicamente a cerca de 32 km ao norte de Boa Vista, o forte foi idealizado como uma estrutura militar para controlar o acesso aos principais rios da região e garantir a soberania portuguesa.
Desde o início do século XVIII, o Vale do Rio Branco despertava o interesse de diversas potências coloniais devido à sua posição estratégica e seus recursos naturais. Holandeses do Suriname, ingleses da Guiana e espanhóis da Venezuela exploravam o território, frequentemente instalando guarnições armadas e promovendo o apresamento de indígenas para trabalho escravo. Expedições portuguesas, como a liderada por Cristóvão Ayres Botelho em 1736, buscavam mapear e explorar a região, enquanto outras, como a de Francisco Xavier de Andrade em 1740, resultaram no aprisionamento de mais de mil indígenas levados para Belém.
A presença espanhola intensificou-se entre 1771 e 1773, com a fundação de povoados no Rio Uraricoera, como Santa Rosa, Santa Bárbara e São João Batista de Caya-Caya. Frente a essa ameaça, a Coroa Portuguesa ordenou a construção de uma fortaleza no Rio Branco, visando não apenas proteger a região, mas também promover a colonização e o aldeamento indígena.
Sob as ordens de João Pereira Caldas, governador do Grão-Pará, e com supervisão do engenheiro alemão Felipe Sturm, o forte foi erguido entre 1775 e 1778, empregando mão de obra indígena e recursos locais. A localização, na confluência dos rios Tacutu e Uraricoera, foi escolhida estrategicamente para monitorar as rotas fluviais utilizadas por invasores. O forte tinha um formato retangular, com canhoneiras voltadas para os rios, e contava com quartéis, armazéns e aldeamentos indígenas anexos.
A construção do forte marcou o início da presença permanente dos portugueses na região, que, além de protegerem o território, fundaram povoados como Nossa Senhora da Conceição, Santo Antônio, São Felipe e Santa Bárbara. Em 1789, o comandante português Manoel da Gama Lobo D'Almada introduziu o gado bovino na região, consolidando a economia local e estabelecendo fazendas como São Bento, São José e São Marcos.
Com o passar dos anos, o forte enfrentou desafios, incluindo revoltas indígenas devido às condições impostas nos aldeamentos. No início do século XIX, com a independência do Brasil e mudanças nas disputas coloniais, sua importância estratégica diminuiu. Embora tenha sido parcialmente reconstruído em 1875, o forte foi abandonado no final do século XIX, com suas estruturas reaproveitadas em construções locais, como na Fazenda São Marcos.
Em 2001, as ruínas do Forte de São Joaquim foram tombadas como Patrimônio Histórico Nacional, reconhecendo sua relevância como marco da colonização e da defesa territorial na Amazônia. Recentemente, em 2023, o tombamento foi consolidado pelo Iphan, garantindo proteção legal às ruínas e promovendo sua preservação para as gerações futuras.
O Forte de São Joaquim simboliza a resistência portuguesa frente às ameaças estrangeiras na Amazônia e a integração do Vale do Rio Branco ao território brasileiro. Embora em ruínas, suas estruturas e história continuam a atrair pesquisadores e visitantes interessados em compreender o processo de ocupação do extremo norte do Brasil. A Medalha “Ordem do Mérito Forte São Joaquim”, instituída pelo Governo de Roraima, homenageia pessoas que contribuem para a preservação e valorização desse importante patrimônio cultural.
O tombamento definitivo reforça a necessidade de preservar não apenas as ruínas, mas também a memória de um período crucial da história brasileira, marcado pela resistência, pela colonização e pelo encontro entre culturas indígenas e europeias.