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Legenda da foto: Do Coreto é possível avistar a Escola Lobo D'Almada, uma das escolas mais antigas de Roraima, inaugurada na década de 1950. Detalhe para o estilo do portal da época. Crédito: Ismar Borges de Lima, MultiAmazon/UERR, 2025.
Escola Estadual Lobo D’Almada (1945)
Um Marco Histórico da Educação Pública em Roraima
Fundada oficialmente em 19 de abril de 1945, a então chamada Grupo Escolar Lobo D’Almada foi a primeira escola pública do Território Federal do Rio Branco, hoje estado de Roraima, sendo que a Escola São José foi a primeira privada católica. Criada durante o período de estruturação administrativa e institucional do território, a escola representou um passo decisivo na consolidação do sistema público de ensino na capital Boa Vista.
Localizada na área central da cidade, sua implantação foi estratégica, refletindo os ideais republicanos de democratização do acesso à educação básica. O nome homenageia Lobo D'Almada, figura histórica do século XVIII, designado por Portugal como governador da capitania do Rio Negro — uma escolha que reforça os vínculos simbólicos entre o presente educacional e o passado colonial da Amazônia.
Durante as décadas seguintes, a escola passou por diferentes transformações administrativas e pedagógicas. Em 1977, acompanhando mudanças na legislação educacional brasileira, recebeu a nova designação de Escola de 1º Grau Lobo D’Almada, atendendo às diretrizes da Lei 5.692/71. Em 1998, já sob a gestão do estado de Roraima, passou a se chamar Escola Estadual Lobo D’Almada, título que mantém até hoje.
🏫 Descrição da Fotografia
A imagem em preto e branco retrata um grande grupo de estudantes em frente ao prédio da Escola Estadual Lobo D’Almada, provavelmente capturada nas décadas de 1940 ou 1950. Observa-se uma ala com entrada central e janela lateral; no topo, a placa identifica claramente o nome da escola. Crianças vestem uniformes da época — meninos de calções e camisas e meninas com saias e gravatas escolares — reunidas em múltiplas fileiras, em estilo formal típico das fotos escolares antigas.
📚 Contexto Histórico e Fonte Provável
A Escola Lobo D’Almada foi inaugurada em 1945, como grupo escolar pioneiro em Boa Vista, sendo uma das primeiras instituições de ensino da capital do Território Federal do Rio Branco (hoje Roraima).
Ela surgiu durante os primeiros anos da implantação do território federal (criado em 1943), quando se construíram escolas como Lobo D’Almada, Osvaldo Cruz, Diomedes, entre outras, para atender à demanda educacional crescente.
A comemoração dos 80 anos da escola em 23 de abril de 2025 atesta sua fundação em 1945 e sua relevância duradoura na rede estadual de ensino de Roraima.
📝 Legenda e Crédito
Foto histórica da Escola Estadual Lobo D’Almada (c. 1945‑1950), Boa Vista – RR: turmas escolares reunidas em frente ao prédio original do grupo escolar fundado em 1945. como uma das primeiras instituições de ensino da capital. Crédito/Fonte: Acervo histórico da Escola Estadual Lobo D’Almada.
📎 Resumo
Instituição
Escola Estadual Lobo D’Almada
Período estimado
Décadas de 1940–1950
Localização
Boa Vista (então Território Federal do Rio Branco)
Fundação
1945 (Grupo Escolar, convertido em Estadual)
Tema da imagem
Fotografia institucional com alunos em formação oficial
Legado
Uma das primeiras e mais tradicionais escolas públicas de Roraima.
Legenda da Foto: Foto histórica da Escola Estadual Lobo D’Almada, Centro Cívico, Centro. Crédito: Acervo de Antonio Tolrino de Rezende Veras.
Sobre Lobo D’Almada, governador da Capitania de São José do Rio Preto:
Com o insucesso dos aldeamentos instalados nas imediações do Forte São Joaquim, os portugueses não abandonaram seu propósito estratégico de assegurar a ocupação do Vale do Rio Branco. Ao contrário, um novo modelo de ocupação foi implementado, baseado na introdução da pecuária como instrumento de presença estatal e controle territorial. Essa nova diretriz resultou na criação das chamadas “fazendas reais”, propriedades estatais voltadas à criação de gado, que desempenharam papel central na consolidação da ocupação colonial na região do Alto Rio Branco — processo que viria a culminar no surgimento de Boa Vista.
As condições naturais do território, caracterizado por vastas áreas de cerrado e relevo plano, revelaram-se propícias à atividade pecuária. A introdução efetiva do gado ocorreu a partir de 1789, com a chegada das primeiras cabeças bovinas oriundas do Amazonas, trazidas por Manuel da Gama Lobo de Almada — então governador da Capitania de São José do Rio Negro, atual Estado do Amazonas. Lobo d'Almada não apenas implantou o rebanho bovino como também introduziu cavalos nas fazendas São Bento e São Marcos, localizadas às margens do rio Uraricoera, e, posteriormente, na Fazenda São José, no rio Tacutu, todas situadas no Vale do Rio Branco, região que hoje corresponde ao Estado de Roraima.
Ao longo do século XIX, esse modelo agropecuário se consolidou, e as áreas próximas aos grandes rios foram sendo progressivamente ocupadas por fazendas estatais e particulares. Esse avanço territorial vinha acompanhado de políticas de evangelização das populações indígenas e de estímulos à fixação de colonos, promovendo a integração da região do Rio Branco à economia colonial. Entre as principais propriedades estabelecidas destacam-se as Fazendas Nacionais São Bento, São José e São Marcos — esta última fundada em 1830 — que passaram a ocupar vastas áreas do Alto Rio Branco sob domínio do Estado português.
Fontes: Souza, 2025; Lima, 2011; Moraes e Gomes Filho, 2009; Santos, 2010).
O prédio do Colégio Lobo D’Almada original, embora tenha sofrido reformas e ampliações, ainda preserva traços da arquitetura funcional da primeira metade do século XX, com linhas simples, planta simétrica e destaque para a entrada principal. Ao longo de sua trajetória, a instituição tornou-se referência na formação de diversas gerações de roraimenses, consolidando-se como um verdadeiro símbolo da educação pública no estado.
A localização exata do atrativo no google mapas e o acesso à web-página no Guia Digital Boa Vista 4.0 estão disponíveis mediante escaneamento dos códigos QR abaixo:
✨ Curiosidade Histórica
A fundação da Escola Lobo D’Almada coincidiu com o período de maior investimento federal no processo de interiorização da educação na Amazônia. Sua criação foi uma das primeiras ações concretas de política educacional implementadas após a transformação do então Rio Branco em Território Federal em 1943.
A partir da Praça do Coreto é possível apreciar o portão original histórico da Escola Estadual Lobo D’Almada.
Relatório Completo: a Relevância Histórica e Educacional da Escola Estadual Lobo D’Almada para Boa Vista e Roraima: Grupo Escola Lobo D'Almada e o Centro Cívico de Boa Vista: História, Valor Histórico e Legado
Introdução
A Escola Estadual Lobo D'Almada, situada no coração de Boa Vista, Roraima, é uma instituição de ensino fundamental e médio 1 com uma profunda relevância histórica para o estado. Fundada em 1945 2, ela se estabeleceu como um pilar da educação pública no então Território Federal do Rio Branco. Sua criação ocorreu em um período de intensa reorganização administrativa e urbanística da capital, diretamente ligada ao desenvolvimento do Centro Cívico. Esta seção do Guia explora a trajetória da Grupo Escola Lobo D'Almada, seu valor histórico intrínseco e seu legado duradouro, com ênfase particular na sua interconexão com a evolução e o significado do Centro Cívico de Boa Vista. Serão abordados aspectos de sua fundação, desenvolvimento pedagógico, a história de seu edifício e sua inserção no planejamento urbano da capital.
I. Grupo Escola Lobo D'Almada: Trajetória e Contribuições Educacionais
A. Fundação e Papel Pioneiro (1945)
A Escola Estadual Lobo D'Almada foi oficialmente criada em 19 de abril de 1945 3, marcando um ponto crucial na história da educação em Roraima. Ela foi estabelecida como o primeiro Grupo Escolar do então Território Federal do Rio Branco.2 Esta distinção é importante, pois o Colégio São José, fundado em 1924, é reconhecido como a primeira escola de Boa Vista, enquanto a Lobo D'Almada inaugurou o modelo de "grupo escolar" público.2 Sua fundação foi parte de uma nova configuração educacional, resultado da implantação da Divisão de Ensino do Território em 1945, sob a direção do professor João Chrysóstomo de Oliveira.2 O Grupo Escolar Lobo D'Almada surgiu da integração de sete Escolas Mistas Agrupadas existentes em Boa Vista, conforme o Plano Geral de Organização do ensino concluído em março de 1945.2 Inicialmente, a escola contava com apenas quatro professores e 129 alunos.3
A criação da escola não foi um evento isolado, mas uma ação estratégica do governo territorial para centralizar e expandir a rede escolar pública, demonstrando um compromisso com a educação formal e organizada em uma fase incipiente do território. A designação como "primeiro Grupo Escolar" e sua criação no contexto da "Divisão de Ensino" e do "Plano Geral de Organização do Ensino" sinalizam um esforço governamental deliberado para transcender modelos de ensino mais fragmentados, como o do Colégio São José, e avançar para um sistema público mais padronizado e estruturado de "grupos escolares". Esta transição representou uma mudança fundamental em direção à modernização e formalização da educação pública no território nascente, estabelecendo a Lobo D'Almada como um símbolo dessa consolidação educacional crucial. Seu papel era o de centralizar e padronizar, não meramente o de adicionar mais uma escola à rede existente.
B. Evolução Pedagógica e Operacional
Em 1948, o prédio da Escola Lobo D'Almada passou a abrigar o primeiro curso voltado para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), denominado Escola Supletiva Noturna, que atendia alunos de 1ª a 4ª série do Curso Primário. Em 1951, este curso foi renomeado para "Curso Lourenço Filho".7 Esta iniciativa demonstra a capacidade da escola de atender a diferentes públicos e necessidades educacionais, adaptando-se às demandas sociais da época.
A escola foi um dos poucos "grupos escolares" existentes em Boa Vista na época, antes do desenvolvimento de instituições mais especializadas para a formação de professores.2 Isso a posiciona como uma instituição de referência nos primórdios da educação formal na região, desempenhando um papel central na formação de base. Atualmente, a escola atende mais de 800 estudantes e conta com uma equipe pedagógica de 35 docentes e 29 professores de apoio 3, evidenciando seu crescimento e contínua relevância no cenário educacional de Roraima. A instituição também se destaca por possuir uma metodologia de ensino diferenciada 8 e uma infraestrutura robusta, que inclui laboratório de informática, pátio coberto, área verde, quadra esportiva coberta, biblioteca, refeitório e laboratório de ciências.1
Apesar de ser uma escola pública, ela tem alta demanda por vagas, levando o governo a implementar um sistema de sorteio de vagas em 2022 (e 2021), uma medida que gerou controvérsia e foi vista como "discriminatória" pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinter).9 O governo justificou a medida pela "alta demanda" e "capacidade física insuficiente".9 A adaptação da escola para incluir o EJA desde seus primeiros anos demonstra sua flexibilidade e sua importância social em atender às diversas necessidades educacionais da comunidade. A persistente alta demanda por vagas, mesmo diante de desafios de infraestrutura, atesta a percepção de qualidade e a importância contínua da instituição na rede pública. Isso reflete um forte legado educacional e uma confiança comunitária que vai além da mera estrutura física. Desafios como as altas taxas de evasão no EJA 7 e o debate em torno do sistema de sorteio de vagas 9 ilustram questões sistêmicas na educação de Roraima que a Lobo D'Almada precisa enfrentar, mas que, ao mesmo tempo, ressaltam sua resiliência e sua posição como uma instituição central e duradoura em um cenário educacional complexo.
C. O Edifício Histórico: Usos Passados e Situação Atual
O prédio do Grupo Escolar Lobo D'Almada possui um valor histórico significativo, tendo abrigado a sede do Palácio do Governo de Roraima entre 1956 e 1959.5 Nos fundos do prédio, também funcionou o Grupo Escolar Murilo Fraga.5 Em 1959, houve um incêndio no Grupo Escolar Lobo D'Almada 10, um evento que certamente impactou sua estrutura e história operacional. O prédio é reconhecido como histórico 5, sendo um dos mais antigos da região central de Boa Vista.
Apesar de sua importância, o edifício tem enfrentado desafios de manutenção. Em novembro de 2011, a Secretaria de Educação (SECD, atual Seed) foi remanejada do prédio histórico com a promessa de reforma.5 Contudo, em maio de 2022, foi denunciado que alunos do 3º ano estavam estudando em um auditório devido a uma severa infiltração no teto de uma sala de aula, apenas alguns meses após uma reforma entregue em fevereiro de 2022, com investimentos de mais de R$ 1 milhão.13 Em novembro de 2023, houve a rescisão unilateral de um contrato para atender à "situação atual de precariedade do prédio" da Escola Estadual Lobo D'Almada, com a obra sendo transferida para os cuidados da Sesau.14 A situação da escola reflete um problema mais amplo de abandono e degradação de prédios escolares antigos na região central de Boa Vista, que carecem de políticas de proteção e manutenção adequadas.5
A ocupação do edifício pelo Palácio do Governo eleva o status da escola de um mero centro educacional para um local de poder e decisão política, sublinhando sua centralidade na história administrativa do território. No entanto, os problemas recorrentes de infraestrutura, como o incêndio de 1959 10, as reformas falhas 13 e as rescisões contratuais devido à "precariedade" 14, em contraste com a tendência mais ampla de abandono de edifícios escolares históricos 5, ilustram os desafios sistêmicos na gestão de bens públicos e na preservação do patrimônio histórico em Roraima. O estado físico do prédio da escola, portanto, pode ser visto como uma representação de uma questão maior: a dificuldade em transformar o reconhecido valor histórico de um patrimônio público em políticas de manutenção e proteção eficazes e sustentáveis. As dificuldades enfrentadas pelo edifício tornam-se, assim, uma metáfora para os desafios mais amplos que o patrimônio histórico e cultural de Roraima enfrenta, evidenciando uma lacuna crítica entre a intenção de preservação e a sua execução prática em obras públicas.
D. A Homenagem a Manuel da Gama Lobo D'Almada: Contexto e Significado
A escola é nomeada em homenagem a Manuel da Gama Lobo D'Almada.16 Manuel da Gama Lobo D'Almada (1745-1799) foi um militar e geógrafo português que desempenhou um papel crucial na Amazônia brasileira. Ele chegou em 1770, comandou fortalezas, instalou famílias portuguesas e, em 1784, assumiu o comando da parte superior do Rio Negro, fiscalizando fronteiras e realizando o reconhecimento da região.17 Ele explorou o vale do Rio Branco, onde implantou as primeiras fazendas de gado, e foi governador da capitania de São José do Rio Negro.17 Sua administração foi notável por sua capacidade administrativa e seu trato com os indígenas, sendo elogiado por Joaquim Nabuco como a "época de maior florescimento do Rio Negro sob o regime colonial".17 É importante notar que o nome "Lobo D'Almada" também é associado a uma unidade militar, a 1ª Brigada de Infantaria de Selva, historicamente conhecida como "Brigada Lobo D'Almada," sediada em Boa Vista.2 Esta é uma entidade distinta da escola, mas que compartilha a homenagem à mesma figura histórica.
A escolha do nome "Lobo D'Almada" para a escola constitui um ato deliberado de comemoração histórica. O extenso papel de Manuel da Gama Lobo D'Almada na exploração, demarcação e desenvolvimento econômico inicial (com a implantação de fazendas de gado) do vale do Rio Branco 17 o conecta diretamente à própria gênese da região que viria a ser Roraima. Dessa forma, a escola, ao levar seu nome, torna-se um monumento vivo à história formativa da região e aos seus pioneiros. A existência de uma unidade militar que também presta homenagem a essa figura 2 reforça a profunda e multifacetada ressonância histórica de "Lobo D'Almada" na memória coletiva de Roraima. Isso sugere um legado de importância fundamental que se estende por diversas esferas sociais, como a educação, o setor militar e a governança, solidificando a narrativa da formação territorial.
II. O Centro Cívico de Boa Vista: Planejamento Urbano e Identidade
A. A Visão de Alexandre Derigusson e o Planejamento Urbano
O traçado urbano moderno de Boa Vista, caracterizado por suas avenidas largas que convergem para o Centro Cívico em um formato de leque, foi planejado nos anos 40 pelo arquiteto Alexandre Derigusson.20 Este plano urbanístico, que evoca a antiga Paris, foi fundamental para modificar definitivamente a feição urbana da Capital a partir de 1944, impulsionando uma impressionante expansão e adensamento populacional.20 Embora uma fonte mencione um "Plano Urbanístico Darcy Aleixo Derenusson" de 1943 21, a maioria das informações e as respostas diretas sobre o planejamento do Centro Cívico atribuem o projeto a Alexandre Derigusson nos anos 40.20 Para este relatório, a autoria de Alexandre Derigusson será adotada como a mais consistente e amplamente referenciada no contexto do Centro Cívico.
O design em "leque" concebido por Alexandre Derigusson 20, com a explícita comparação à "antiga Paris", transcende uma mera escolha estética. Ele representa um esforço consciente para imprimir uma forma urbana moderna, ordenada e simbolicamente grandiosa a uma capital territorial em formação. Isso indica que o planejamento centralizado, materializado na visão de Derigusson, resultou diretamente em uma "modificação definitiva" da paisagem urbana de Boa Vista e em uma subsequente "expansão impressionante".20 Este processo demonstra que o urbanismo foi empregado como uma ferramenta poderosa para afirmar a autoridade governamental, projetar uma imagem de progresso e moldar a própria identidade da nova capital. Assim, o plano contribuiu significativamente para o valor histórico e o legado da cidade como um espaço planejado que encarna uma visão específica para seu futuro.
B. O Centro Cívico como Núcleo da Capital
A Praça do Centro Cívico é oficialmente denominada Praça Joaquim Nabuco.20 Em 1971, a Praça do Centro Cívico já contava com o Monumento ao Garimpeiro erguido.20 Este monumento, construído em 1969, substituiu um obelisco anterior de 1962, homenageando os garimpeiros que representaram uma força econômica significativa a partir de 1930.20 Esta mudança reflete uma evolução na narrativa histórica e nas prioridades econômicas da cidade.
O Centro Cívico abriga o Palácio Senador Hélio Campos, sede do governo de Roraima 22, consolidando sua função como centro administrativo. Atualmente, o Centro de Convivência da Juventude, com unidades na capital, atende cerca de 4 mil alunos em diversas modalidades esportivas e musicais, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento da juventude roraimense.23 Isso demonstra a contínua função social e de desenvolvimento do Centro. Apesar de sua importância, o centro de Boa Vista tem enfrentado processos de degradação e exclusão social, perdendo parte de sua "centralidade" com o espraiamento da mancha urbana e a chegada de shoppings centers.24 Há, no entanto, projetos de revitalização e requalificação em andamento, buscando recuperar sua vitalidade.24
A evolução da Praça do Centro Cívico, particularmente a substituição de um obelisco pelo Monumento ao Garimpeiro 20, é um exemplo marcante de como o núcleo simbólico da cidade se adapta para espelhar suas prioridades econômicas e sociais em constante mudança. Enquanto o obelisco provavelmente representava um orgulho cívico mais genérico, o Monumento ao Garimpeiro reconhece explicitamente a "força econômica" do garimpo a partir da década de 1930. Isso indica uma transição de uma identidade cívica abrangente para uma identidade profundamente enraizada na principal atividade econômica da região. Assim, a praça funciona como um "palimpsesto" – um local onde camadas de identidade urbana são sobrepostas ao longo do tempo, revelando o legado de diferentes períodos históricos. Os desafios atuais de degradação 24 reforçam a luta contínua para manter a relevância e a vitalidade desse núcleo simbólico em um ambiente urbano dinâmico.
C. Desafios e Perspectivas do Centro Urbano
Apesar do planejamento inicial, o centro de Boa Vista enfrenta desafios como a degradação urbana e a perda de centralidade devido à expansão da cidade e à proliferação de novos polos comerciais.24 A necessidade de revitalização é reconhecida, dada a boa infraestrutura existente e a localização estratégica do Centro Cívico, que ainda dispõe de vantagens para projetos de requalificação.24 O crescimento ordenado da cidade e a mobilidade urbana são desafios contínuos, com planos para evitar sobrecarga nas vias e congestionamentos futuros, buscando um desenvolvimento sustentável que preserve a qualidade de vida.25
O ambicioso plano urbano inicial 20 deixou um legado distintivo para Boa Vista. No entanto, a subsequente "degradação" e "perda de centralidade" 24, resultantes da expansão urbana desordenada e da emergência de novos centros comerciais, revelam uma tensão fundamental entre um projeto urbano estático e idealizado e o crescimento orgânico e dinâmico da cidade, impulsionado por forças de mercado e mudanças populacionais. A necessidade de "revitalização" 24 e o planejamento contínuo da mobilidade 25 sublinham o desafio constante de preservar o valor histórico e a funcionalidade do Centro Cívico diante de uma expansão urbana que nem sempre segue um curso planejado. Isso implica que o legado do Centro Cívico não se limita ao seu passado, mas reside em sua capacidade de adaptação contínua e na sua luta por relevância e funcionalidade no presente.
III. A Intersecção Histórica: Escola e Centro Cívico
A. A Localização Estratégica da Escola no Coração Cívico
A Escola Estadual Lobo D'Almada está localizada no Centro Cívico de Boa Vista, na Avenida Benjamin Constant, 1453.1 Sua fundação em 1945, no mesmo ano da implantação da Divisão de Ensino e do início da reconfiguração urbana de Boa Vista sob o plano de Derigusson 2, posiciona a escola como um elemento intrínseco ao projeto do Centro Cívico. A escola é um dos edifícios antigos da região central, que foram construídos e entregues no período do antigo Território Federal do Rio Branco.15
A simultaneidade do estabelecimento da escola em 1945 2 e o planejamento urbano mais amplo para o Centro Cívico nos anos 1940 20 indica uma relação de causa e efeito e um padrão subjacente. A localização da escola dentro do Centro Cívico não foi apenas uma conveniência geográfica, mas um aspecto fundamental do próprio plano urbano. Isso significa que a educação foi considerada um pilar central da identidade cívica e do desenvolvimento da nova capital territorial. A escola, portanto, funciona como uma materialização física do projeto cívico abrangente para Boa Vista, reforçando seu valor histórico como parte integrante da história de origem planejada da cidade e demonstrando uma visão na qual a educação e a governança estavam intrinsecamente ligadas.
B. O Papel da Escola nas Celebrações Cívicas e na Formação da Juventude
Desde seus primeiros anos, o Grupo Escolar Lobo D'Almada foi palco de importantes comemorações cívicas, como o "Primeiro Aniversário da Administração do Território," o "Dia do Soldado," e a "Semana da Pátria," com a participação de escolares e a "parada da Juventude".2 Isso demonstra o alinhamento da escola com o projeto cívico do Território Federal do Rio Branco, voltado para a valorização dos símbolos nacionais.29 A escola está localizada no Centro Cívico, onde a programação de seus 80 anos (em 2025 ou 2024) incluiu um momento cívico e a execução dos hinos do Brasil e de Roraima.3
A consistente participação da Lobo D'Almada em grandes celebrações cívicas 2 desde sua fundação revela um tema subjacente claro e uma relação de causa e efeito. A escola não era apenas uma instalação educacional, mas um agente ativo no "projeto cívico" mais amplo 29 do Território Federal do Rio Branco. Seu envolvimento em eventos como a "Semana da Pátria" e a "parada da Juventude" contribuiu diretamente para a "valorização dos símbolos nacionais" 29 e para a formação de uma identidade cívica coletiva entre a juventude. Isso estabelece um legado em que a escola serviu como uma instituição-chave para incutir patriotismo e responsabilidade cívica, apoiando diretamente os objetivos ideológicos do Centro Cívico e contribuindo para a coesão social da capital nascente.
IV. Valor Histórico e Legado Duradouro
A. O Legado Educacional da Lobo D'Almada para Roraima
Como o primeiro Grupo Escolar do Território Federal do Rio Branco 2, a Lobo D'Almada estabeleceu um modelo e um padrão para a educação pública agrupada na região, influenciando o desenvolvimento subsequente da rede de ensino. Sua capacidade de adaptação, oferecendo cursos como o EJA desde cedo 7, demonstra uma preocupação com a inclusão e a diversificação educacional, atendendo às necessidades de diferentes segmentos da população. A escola continua sendo uma instituição de alta demanda 9 e bem avaliada (média de 4.5/5 em avaliações de alunos, pais e professores) 1, indicando uma reputação de qualidade educacional que se mantém ao longo das décadas, apesar dos desafios estruturais. O fato de ex-alunos, como o atual Secretário de Educação, terem alcançado posições de destaque 3 é um testemunho direto do impacto da escola na formação de lideranças e profissionais para o estado, consolidando seu papel na construção do capital humano de Roraima.
O status da escola como o "primeiro Grupo Escolar" 2 significa que ela lançou as bases para uma educação pública padronizada, um componente crítico para o desenvolvimento social em um território recém-formado. Sua contínua alta demanda 9 e avaliações positivas 1 sugerem uma capacidade persistente de oferecer educação de qualidade. O legado mais profundo e a implicação mais ampla residem na relação de causa e efeito observável, em que a escola tem produzido indivíduos, como o Secretário de Educação 3, que alcançam posições proeminentes. Isso indica que a Lobo D'Almada funcionou como um motor significativo para o desenvolvimento do capital humano e a mobilidade social em Roraima, contribuindo diretamente para a capacidade intelectual e administrativa do estado, reforçando assim seu papel fundamental no desenvolvimento da região.
B. A Escola e o Centro Cívico como Patrimônio Cultural e Urbano
Tanto a Escola Lobo D'Almada quanto o Centro Cívico são elementos fundamentais do patrimônio histórico e cultural de Boa Vista. A escola, com seu edifício que abrigou o governo, é um símbolo da gênese administrativa e educacional do território.5 O Centro Cívico, com seu planejamento urbanístico único de Alexandre Derigusson, representa um marco na arquitetura e no planejamento urbano brasileiro, sendo um dos poucos exemplos de cidades planejadas com essa concepção no país.20 A Praça Joaquim Nabuco e o Monumento ao Garimpeiro são elementos simbólicos que narram a evolução da identidade e das prioridades econômicas da cidade, refletindo as camadas de sua história.20 A localização da escola no Centro Cívico e sua participação em eventos cívicos reforça a interconexão entre educação, governança e identidade urbana.
A profunda integração da Escola Lobo D'Almada no Centro Cívico planejado 2 e o papel temporário do edifício como sede do governo 5 revelam uma conexão temática profunda e uma implicação mais ampla. Esse complexo serve como um microcosmo do próprio processo de construção do estado em Roraima. Demonstra como, em um território recém-formado, a educação (a escola) e a governança (o centro cívico e o palácio temporário) foram estrategicamente interligadas e fisicamente co-localizadas para estabelecer autoridade, fomentar a identidade cívica e lançar as bases para o desenvolvimento futuro. Esse legado coletivo não se refere apenas a instituições individuais, mas à construção deliberada de uma nova ordem administrativa e social, tornando-os um local inestimável para a compreensão da formação inicial do estado e da representação simbólica na região.
C. Desafios Contemporâneos e a Importância da Preservação
Apesar de seu valor, o patrimônio físico da Escola Lobo D'Almada e de outros prédios históricos de Boa Vista enfrenta sérios desafios, como a falta de manutenção adequada, infiltrações e o abandono, que podem levar à degradação e perda de sua função social.5 A ausência de políticas robustas de proteção e gestão do patrimônio histórico é uma preocupação recorrente, resultando em custos adicionais para o poder público e a perda de bens culturais.5 A revitalização do Centro Cívico é crucial para que ele continue a desempenhar sua função social, histórica e cultural, superando a degradação e a perda de centralidade causadas pelo crescimento urbano desordenado.24
As repetidas menções a problemas estruturais na Lobo D'Almada (infiltrações, reformas falhas, rescisão de contrato) 13 e a tendência mais ampla de abandono de edifícios escolares históricos em Boa Vista 5 destacam um desafio crítico ao legado e ao valor histórico dessas instituições. Existe uma relação de causa e efeito em que a manutenção inadequada e a falta de políticas de proteção 15 levam diretamente à degradação física e à potencial perda de função. Isso é ainda mais agravado pela degradação do próprio Centro Cívico 24 devido à expansão urbana. A implicação mais ampla é que, sem políticas públicas e investimentos proativos e sustentados, as próprias materializações físicas da fundação histórica de Boa Vista estão em risco, ameaçando a ligação tangível com seu passado e minando sua identidade cultural e memória coletiva para as futuras gerações.
V. Conclusão
A Grupo Escola Lobo D'Almada e o Centro Cívico são mais do que meros locais físicos em Boa Vista; eles são pilares interligados da história, identidade e desenvolvimento de Roraima. A escola, como o primeiro Grupo Escolar do Território Federal, representa o alicerce da educação pública e um agente crucial na formação cívica e patriótica. O Centro Cívico, por sua vez, é a materialização de um ambicioso projeto urbanístico que moldou a capital e serviu como palco para as transformações sociais, econômicas e políticas.
Juntos, eles formam um complexo patrimonial que narra a trajetória de uma capital planejada e de uma educação em construção, refletindo tanto os sucessos do planejamento e da resiliência institucional quanto os desafios persistentes da gestão do patrimônio e do crescimento urbano. A preservação desses bens não é apenas uma questão de conservação arquitetônica, mas de manutenção da memória coletiva, da identidade cultural e da funcionalidade desses espaços para as futuras gerações.
Patrimônio Histórico e Conservação: Recomendações:
1. Preservação e Restauração do Patrimônio Físico: É fundamental implementar um plano de restauração e manutenção contínua e rigorosa para o edifício histórico da Escola Estadual Lobo D'Almada, com fiscalização transparente das obras para evitar problemas recorrentes como os de infiltração e precariedade.13 Este plano deve ser de longo prazo e incluir a expertise necessária para lidar com a especificidade de um prédio histórico. A persistência de problemas estruturais, mesmo após investimentos significativos, demonstra a necessidade de uma abordagem mais técnica e estratégica para a conservação, garantindo que o valor histórico do edifício não seja comprometido pela negligência ou por intervenções inadequadas.
2. Políticas de Proteção do Patrimônio Urbano: Desenvolver e aplicar políticas públicas eficazes para a proteção e gestão do patrimônio histórico e cultural de Boa Vista, incluindo o Centro Cívico e outros edifícios históricos.5 Isso deve envolver a identificação, tombamento, e criação de incentivos para a conservação, bem como a destinação de recursos adequados para a manutenção preventiva e corretiva, evitando a degradação e o abandono que geram custos maiores a longo prazo e a perda de bens culturais.
3. Integração do Patrimônio na Dinâmica Urbana: Promover a revitalização do Centro Cívico, não apenas como um espaço administrativo, mas como um polo cultural, social e econômico vibrante, que integre seu valor histórico com as necessidades contemporâneas da cidade.24 Isso pode incluir projetos de requalificação urbana, eventos culturais e a promoção de atividades que incentivem a ocupação e o uso contínuo desses espaços pela população, superando a perda de centralidade causada pelo crescimento urbano desordenado.
4. Valorização do Legado Educacional: Continuar a investir na qualidade pedagógica da Escola Estadual Lobo D'Almada, garantindo que sua reputação de excelência seja mantida e que ela continue a ser um motor de desenvolvimento de capital humano para Roraima.1 Isso inclui aprimorar a infraestrutura, apoiar a equipe pedagógica e buscar soluções para a alta demanda por vagas que sejam equitativas e acessíveis a todos os estudantes.