Seja Bem-Vindo ao Guia Turístico Digital Interativo. Aqui Você Encontra Tudo o Que Precisa Sobre Roraima/Boa Vista. Acesse o Menu / Seções Abaixo
A Casa Bandeirante, localizada na esquina da Rua Floriano Peixoto com a Avenida Jaime Brasil, é um importante marco histórico de Boa Vista, construída em 1898 para abrigar a filial do Armazéns Rosas,do comendador Joaquim Gonçalves Araújo, J.G. Araújo, responsável pelo comércio entre a Província do Rio Negro e a Freguesia de Nossa Senhora do Carmo (atual Boa Vista). Tombada como patrimônio histórico em 1993, o prédio de arquitetura colonial passou a ser chamado de Loja Bandeirante após ser adquirido por Said Salomão em 1954, algumas fontes relatam ter sido em 1958. Apesar de adaptações ao longo do tempo, como mudanças na fachada e anexação às Lojas Americanas, da qual a estrutura interna serve como 'depósito', a Casa Bandeirante mantém seu valor cultural, refletindo a evolução econômica e urbana de Boa Vista e o legado de figuras como J.G. Araújo, importante comerciante da região amazônica. Após a coleção de fotos históricas e atuais, leia o texto na íntegra sobre a Casa Bandeirante.
Foto comparativa antes (1940) e atualmente (década de 2020) da Casa Bandeirante, no início da av. Jaime Brasil com a rua Floriano Peixoto, Boa Vista, Roraima.
Foto da Casa Bandeirante, década de 1940.
Foto do trabalho de campo dos pesquisadores do Projeto Boa Vista 4.0 - Smart Turismo Sem Fronteiras, do Multiamazon, Universidade Estadual de Roraima - UERR. Foto de Shirley Cabral sentada nas escadarias da Casa Bandeirante, no início da av. Jaime Brasil com a rua Floriano Peixoto, Boa Vista, Roraima, julho de 2024.
Foto do trabalho de campo dos pesquisadores do Projeto Boa Vista 4.0 - Smart Turismo Sem Fronteiras, do Multiamazon, Universidade Estadual de Roraima - UERR, em julho de 2024. Foto diante a lateral da Casa Bandeirante, no início da av. Jaime Brasil com a rua Floriano Peixoto, Boa Vista, Roraima.
Casa Bandeirante: História, Arquitetura e Legado Cultural em Boa Vista
A Casa Bandeirante, localizada na esquina da Rua Floriano Peixoto com a Avenida Jaime Brasil, é um importante marco histórico de Boa Vista, construída em 1898 para abrigar a filial do Armazéns Rosas, do comendador Joaquim Gonçalves Araújo, J.G. Araújo, responsável pelo comércio entre a Província do Rio Negro e a Freguesia de Nossa Senhora do Carmo (atual Boa Vista). Com estilo arquitetônico colonial, o prédio foi tombado como patrimônio histórico em 15 de outubro de 1993, por meio do Decreto nº 2614. Um retrospecto histórico revela que a J. G. Araújo nasceu de uma sociedade comercial com Homero Sapara Cruz, que residia e mantinha um comércio estratégico na esquina da Rua Floriano Peixoto com a Avenida Jaime Brasil, inicialmente conhecido como “Armazéns Rosas”. Em 1928, ele formou uma parceria comercial com J.G. de Araújo Rosas, renomado empresário amazonense, e juntos renomearam o empreendimento como “Casa Rosa & Cruz”. Após a dissolução da sociedade, Homero vendeu o imóvel para a firma J.G. de Araújo Rosas & Cia. Ltda, que passou a utilizá-lo sob o nome “Filial”.
O edifício, inicialmente chamado de Casa J.G. Araújo, passou por importantes transformações ao longo de sua existência. Em 1958, foi adquirido pelo empresário libanês Said Salomão, que o renomeou como Loja Bandeirante, ampliando sua relevância comercial na região. Posteriormente, tornou-se anexo a uma unidade das Lojas Americanas, preservando apenas parte de sua fachada original. Ao longo do tempo, adaptações inevitáveis ocorreram, como a substituição da madeira das portas e janelas por esquadrias de ferro, devido à deterioração natural, e a mudança da pintura para tons de azul e branco, conferindo um novo visual ao prédio.
Casa Bandeirante (Armazéns Rosas): Residência de 'Homero Sapará de Souza Cruz' até 1954
Conforme informações de Francisco Cândido, do 'Minha Rua Fala 11869', o senhor Homero Sapará de Souza Cruz, filho de Alfredo Venâncio de Souza Cruz e Francisca Mardel Lopes de Magalhães, nasceu em 10 de janeiro de 1888, quando Boa Vista ainda era uma pequena vila sob a jurisdição do Estado do Amazonas. Durante esse período, a pecuária era a principal atividade econômica da região, e Homero destacou-se como proprietário de oito fazendas no interior, incluindo a Fazenda Sant’ana. Nessas propriedades, grande parte dos trabalhadores era composta por indígenas locais, que contribuíam para as atividades rurais.
Homero casou-se com Áurea Serejo Cruz, natural de Roraima e filha de Viriato Alves Serejo e Raimunda Mota. Ele costumava viajar pelo interior, onde aprofundava seu conhecimento sobre a biodiversidade regional. Sua habilidade em identificar plantas e animais chamou a atenção do botânico Adolfo Ducke, que o citou em suas obras científicas como um especialista notável na fauna e flora amazônicas e um defensor da preservação ambiental em Roraima.
Na cidade, Homero residia e mantinha um comércio estratégico na esquina da Rua Floriano Peixoto com a Avenida Jaime Brasil, inicialmente conhecido como “Armazéns Rosas”. Em 1928, ele formou uma parceria comercial com J.G. de Araújo Rosas, renomado empresário amazonense, e juntos renomearam o empreendimento como “Casa Rosa & Cruz”. Após a dissolução da sociedade, Homero vendeu o imóvel para a firma J.G. de Araújo Rosas & Cia. Ltda, que passou a utilizá-lo sob o nome “Filial”.
Posteriormente, em 1954, alguns historiadores referem-se ao ano de 1958, o imóvel foi adquirido por Said Samou Salomão, que ali instalou uma loja com o nome “Casa Bandeirante”, oferecendo tecidos, calçados, alimentos e outros produtos. O prédio chegou a ser conhecido como “Esquina do Rio” em determinado momento, mas mais tarde retomou o nome original de “Casa Bandeirante”, sendo atualmente preservado pelos descendentes de Salomão.
Homero Sapará faleceu em 1961, aos 73 anos. Em sua homenagem, a Prefeitura de Boa Vista deu seu nome à antiga Rua C-12, no Bairro São Francisco, renomeando-a como “Rua Homero Cruz”, embora tenha deixado de fora o nome “Sapará”, uma referência tão marcante de sua identidade.
Uma das histórias mais intrigantes relacionadas à Casa Bandeirante é a suposta invasão em 1942 por um grupo liderado por René Belbenoit, famoso fugitivo da Ilha do Diabo, na Guiana Francesa, cuja vida inspirou o filme Papillon. Embora essa narrativa seja considerada uma lenda, contribui para o fascínio em torno do edifício e de sua importância histórica.
Durante o período em que J.G foi proprietário da Casa Bandeirante, ele também adquiriu a Casa Petita Brasil. Nesse intervalo, cedeu o casarão a Antônio Augusto Martins, então gerente dos Armazéns Rosas. Mais tarde, Antônio Augusto transferiu a propriedade para seu filho, José Augusto Martins, que, por sua vez, a revendeu para Petita Brasil, a atual proprietária, que mantém a posse do imóvel há quatro décadas.
O fundador da firma, J.G. Araújo, desempenhou um papel fundamental na economia regional. Nascido em Portugal, chegou ao Brasil ainda jovem e construiu uma carreira próspera na Amazônia, atuando no comércio varejista, no processamento de borracha e castanha, e na criação de gado. Em Roraima, ele introduziu produtos vindos de Manaus e da Europa, fortalecendo os laços comerciais na região. Araújo também foi um grande incentivador cultural, patrocinando o documentário No Paiz das Amazonas em 1921. Reconhecido por suas contribuições, foi agraciado com a Comenda da Ordem de Cristo pelo Reino de Portugal.
A Casa Bandeirante é mais do que um edifício comercial; é um símbolo da evolução urbana e econômica de Boa Vista. Localizada em um ponto estratégico no Centro Histórico, ela reflete as transformações da cidade desde a época em que Boa Vista era uma freguesia do Rio Branco até se consolidar como a capital do Território Federal de Roraima em 1940. Apesar das mudanças e do tempo, a Casa Bandeirante permanece como um testemunho da história local e da influência de figuras como J.G. Araújo e Said Salomão no desenvolvimento de Roraima.
Preservada como patrimônio histórico, a Casa Bandeirante continua a atrair a atenção de visitantes e pesquisadores interessados na história e na cultura da região. Seu legado é um lembrete da importância de proteger a memória arquitetônica e cultural do estado, mantendo vivas as conexões com o passado enquanto se avança para o futuro.
PROJETO DE EXTENSÃO No. 039 – 3 – 52 ⁄2024:
Boa Vista 4.0 - Smart Turismo Sem Fronteiras
CURSO DE TURISMO - MULTIAMAZON
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA - UERR
PROEC
Equipe do Projeto:
Prof. Ismar Borges de Lima
(Idealizador e Coordenador-Geral,
email: ismarborgeslima@gmail.com )
Profa. Rosijane Evangelista (Vice-Coordenação)
Pesquisadores participantes:
Shirley Jone Cabral de Brito
Andreza da Silva Farias
João Arthur Freitas de Souza.